terça-feira, 11 de abril de 2017

Um Gato de Rua Chamado Bob (A Street Cat Named Bob)

"Um Gato de Rua Chamado Bob" (2016) dirigido por Roger Spottiswoode (Órfãos da Guerra - 2008) é baseado no homônimo best-seller autobiográfico que conta a incrível história de James Bowen, um viciado em drogas em recuperação que é salvo por um gato laranja.
O filme tem uma junção de encantos, a atuação adorável de Luke Treadaway que mostra também seu talento musical, o estilo de filmagem muito natural retratando as ruas de Londres e, claro, o próprio Bob dando o ar de sua graça. São vários elementos que dão um aspecto honesto à trama e que evidencia a relação que se forma entre James e Bob.
A história dessa amizade ficou conhecida mundialmente por conta dos livros e o filme segue bem fiel à narrativa expondo todo o lado da dificuldade de se recomeçar, da rotina de tocar na rua para ganhar algumas moedas para comer e a aparição do gato e o carinho que um deposita no outro para poder seguir os dias.
James Bowen não tem nada, apenas seu violão e a vontade de se desvencilhar do vício em heroína, a relação com a família é complicada, mas após ter a sorte de sobreviver a uma overdose ele é ajudado pela psicóloga Val (Joanne Froggate), que consegue que ele entre no programa de desintoxicação, então James vai para um alojamento sabendo que qualquer deslize o faria morrer, interromper o tratamento seria o fim. Um dia, James escuta um barulho e fica assustado, mas ao entrar na cozinha se depara com um gato laranja remexendo seu cereal, primeiro ele procura saber se o gato tem dono e ao ver que o animal não desgruda dele resolve adotá-lo mesmo com a sua situação precária. Outra pessoa importante para James é Betty (Ruta Gedmintas), que também mora no alojamento, mas por outras questões, a moça excêntrica o auxilia muito e é parte fundamental no começo para que ele fique com o gato, o incentiva a castrá-lo e é ela que lhe dá o nome de Bob, a relação de amizade entre os dois é linda e retrata dois seres humanos carentes que se ajudam independente de qualquer coisa.
As dificuldades são muitas, desde conseguir se manter no tratamento, ir nas sessões com a Val, tocar para poder ganhar algum dinheiro e comer, várias cenas retratam o sofrimento, a fome, a solidão. James é um músico talentoso, porém relegado e à mercê da bondade alheia. O fato é que Bob é um gato muito carinhoso e acostumado às ruas, então começa a seguir James para onde quer que ele vá, como sendo perigoso inicialmente coloca uma coleira para não perdê-lo e o bichano fica quietinho escutando seu dono tocar e observando as pessoas passarem, logo todos se encantam e James consequentemente ganha um pouco mais de dinheiro.

Bob anda de ônibus, vai pelas ruas envolvido no pescoço de James, se acostuma ao afago das pessoas e a rotina ganha mais cor, alegria e amor, os passantes chegam para tirar fotos, acariciá-lo e escutar as canções.
O filme é sincero ao demonstrar o como o amor e a lealdade de um gato laranjinha foi capaz de dar força para James prosseguir no tratamento, ele tinha uma responsabilidade, tinha Bob para cuidar e toda uma vida pela frente. 
Luke Treadaway na pele de James Bowen encarna todos os conflitos para se encontrar em meio à sociedade, impressionante a cena que ele ultrapassa o último estágio do tratamento em que deixa a metadona de lado e passa uma semana dentro de seu quarto se contorcendo de dor. Suas expressões e olhares, todo o seu jeito garantem simpatia ao personagem. Bob é fofo e está super confortável nas cenas, o gato é um animal que não sabe disfarçar e por ter uma personalidade atenta garante bons closes, mas na maior parte do tempo é uma calmaria só.  Aliás, tem muitos momentos que o ângulo da câmera é sob o ponto de vista de Bob, onde mostra tudo de forma grande e confusa.

Para os amantes de gatos é um filme imprescindível, delicioso, leve e realista. O carinho que um animal adotado deposita na pessoa que o resgata é gigantesco, quem tem sabe que é verdade, e o gato por ter uma personalidade mais introspectiva os momentos que demonstra que está grato são bem ternos, ele agradece com os olhinhos piscando lentamente, ou ronrona, há as lambidinhas e mordidinhas, as cabeçadinhas, a amassadinha que dá com suas patinhas, cada um tem a sua particularidade, Bob, por exemplo, se aconchega ao redor do pescoço de James.
"Um Gato de Rua Chamado Bob" é muito bem dirigido e atuado, emociona, diverte, cria empatia e preenche a lacuna que se tem em retratar gatos no cinema, é uma história inspiradora e que esbanja carinho, persistência, gratidão, música, e que ensina a olhar a vida de outras maneiras, pois quando se tem um animal para amar, a retribuição com certeza é garantida.

James Bowen e Bob <3

"Ouvindo seu ronronar suave no escuro, senti-me bem por tê-lo ali. Era uma companhia, eu acho. Não tinha muito disso ultimamente."

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