quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Eu Sou Sua (Jeg Er Din)

"Eu Sou Sua" (2013) dirigido por Iram Haq é um filme que coloca em foco uma personagem feminina que busca constantemente ser amada e que se permite viver de acordo com a sua vontade apesar de ter uma família religiosa e conservadora. A história é contada de maneira fria justamente para evidenciar essa falta de amor que conduz a vida da protagonista. 
Mina (Amrita Acharia) é uma jovem mãe solteira que vive em Oslo e passa parte da semana com Felix, seu filho de seis anos. Ela tem dupla nacionalidade, norueguesa e paquistanesa, e uma relação conturbada com sua família. Mina está constantemente procurando por amor e tem relações com diversos homens, mas nenhum de seus relacionamentos traz qualquer esperança de durar por muito tempo. 
O longa disserta sobre escolhas e as suas consequências. Mina escolheu ter uma vida mais liberal independente de sua família tradicional, que a repudia em todos os momentos em que os visita, ela tem um filho de seis anos do qual tem a guarda compartilhada com o ex-marido, mas não fica presa apenas ao papel de mãe, corre atrás de seu sonho que é ser atriz e se apaixona facilmente, porém não cria vínculos devido o tratamento dos homens com quem se relaciona, eles não a levam a sério por se tratar de uma mulher livre. Em dado momento larga sua vida na Noruega para viver uma forte paixão com um roteirista sueco, no início ele encara o fato dela ter um filho e o acolhe em sua casa, mas o relacionamento ganha aspecto de rotina e seu namorado Jesper (Ola Rapace) não quer ter esse tipo de relação. Só que mesmo depois de dizer isso e ela ter ido embora a manuseia como bem quer. Quanta decepção para Mina, ela escolheu trilhar caminhos diferentes, deixando de lado crenças, tradições para viver livremente e buscar a sua felicidade, mas suas tentativas caem sempre na solidão.
O tom do filme é realista e cru, mostra todo o machismo entranhado na sociedade, as cenas em que a família a repudia por não seguir suas regras é de chorar ao ver tanta ignorância, seus encontros casuais com homens também conferem ao longa uma carga dramática, são situações que não agregam, apenas aumentam o vazio. Mina faz suas escolhas sem medo, mas o que volta para ela é incompreensão e desamor. Mina não deseja grandes coisas, ela quer ser respeitada e amada.

O preço que se paga para viver livremente e não de acordo como querem é alto, é saber que essa escolha é um caminhar solitário e geralmente repleto de tentativas falhas, pois existem uma porção de empecilhos, como o longa exemplifica, o machismo, o conservadorismo religioso, os papéis sociais destinados à mulher, é quase impossível ultrapassar essas barreiras. Mina é uma mulher carente que está em busca, qualquer demonstração de afeto a atinge fazendo-a acreditar e depois sofrer as consequências. É o retrato de uma vida excruciante.

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