sexta-feira, 24 de junho de 2016

Ned Rifle

"Ned Rifle" (2014) fecha a trilogia de Hal Hartley, iniciada em 1997 com "As Confissões de Henry Fool" e "Fay Grim", 2006.
Edward "Ned" Rifle (Liam Aikem) era ainda um menino quando a mãe foi presa, acusada de terrorismo, e uma família religiosa o adota. Ao completar a maioridade, o jovem deixa a casa adotiva convertido para percorrer o país a fim de vingar a mãe – matando o pai biológico. O filme segue o padrão dos anteriores, humor negro, personagens estranhos e diálogos reflexivos. 
Reencontramos Henry Fool (Thomas Jay Ryan), que estava sumido devido a um crime que cometeu, ele continua um homem decadente, alcoólatra, fumante compulsivo e um poeta, se gabando de sua intelectualidade e sempre se esquivando da banalidade da vida.
No primeiro longa ele incentivou o lixeiro Simon (James Urbaniak), irmão de Fay (Parker Posey), a escrever, ele fez muito sucesso com sua escrita considerada pornográfica. Henry se casa com Fay e nasce Ned, logo depois some com a ajuda de Simon, após um acesso de raiva e matar o vizinho. Lembrando que Henry havia sido preso por pedofilia antes de tudo isso. Em "Fay Grim" vemos a dificuldade da criação de Ned, Fay teme que o filho tenha o mesmo destino do pai, Simon foi julgado por ser cúmplice no crime de falsidade ideológica e o menino é expulso do colégio, Fay acaba aceitando colaborar com a CIA, pois acreditam que os registros escritos por Henry, intitulados, "As Confissões", tenha fortes indícios de que ele seja espião com informações importantes. Por fim, Fay viaja à Paris para resgatar os cadernos e, na viagem, vira alvo de diferentes espiões e terroristas internacionais.
Com diálogos afiados, ironias e humor negro, Hal Hartley nos transporta para um outro tipo de cinema, completamente inusitado e cínico. "Ned Rifle" vem para fechar com chave de ouro esta trilogia, Ned decide deixar a família religiosa que o acolheu para encontrar e vingar-se de seu pai, Fay dada como terrorista, foi sentenciada à prisão perpétua. Ele busca informações com seu tio Simon e no caminho se depara com uma garota chamada Susan (Aubrey Plaza), que idolatra Henry Fool e parte na viagem ao lado de Ned. O garoto é religioso e precisará de muito esforço para manter-se sexualmente puro. Todos os personagens são contraditórios, Ned carrega na mala uma bíblia e uma arma.
Simon, tio de Ned, desistiu de escrever e se dedica à comédia stand-up, mesmo não sendo nada engraçado, Susan quer encontrar Henry Fool, ela é obcecada por essa família, tem um passado obscuro com ele e usa Ned para isso. Algumas reviravoltas se dão, cenas regadas a diálogos filosóficos e bastante humor negro. 

Para acompanhar a trama de "Ned Rifle" é necessário que se conheça as duas obras anteriores, elas se conectam de forma inteligente e o filme não faz questão de explicar as situações. Sem dúvidas, Henry Fool é um personagem que nos inquieta, completamente fora do padrão social, que ora fascina, ora perturba.
Liam Aikem como Ned está ótimo e consegue expôr toda a confusão de ser quem é, afetado pela figura do pai, pelo contraste religioso e sórdido da vida. Aubrey Plaza como Susan se sobressai e também consegue passar toda a angústia e a adoração que tem por Henry, sua maneira de se portar foi moldada por esse cara, a dualidade de sentimentos é muito intensa.

"Ned Rifle" tem ritmo contagiante, é inventivo e engraçado, exibe personagens imperfeitos e situações desagradáveis. Trazendo à tona Henry Fool, Fay Grim e Simon Grim embarcamos novamente no universo tão característico e único do diretor Hal Hartley. 
Para quem procura por filmes alternativos, esta trilogia com certeza é uma excelente e peculiar indicação. 

Um comentário:

  1. Quando Hal Hartley surgiu no anos noventa com o drama "Confiança", rapidamente se tornou um diretor cult elogiado pelos críticos.

    Curiosamente até hoje ainda não assisti filme algum do diretor.

    Abraço

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