segunda-feira, 13 de abril de 2015

O Abismo Prateado

"O Abismo Prateado" (2011) dirigido por Karim Aïnouz (Praia do Futuro - 2014) é um filme bem intimista inspirado na canção "Olhos nos Olhos" de Chico Buarque.
Violeta (Alessandra Negrini) é deixada pelo seu marido Djalma (Otto Jr.), que após um mergulho no mar toma a difícil decisão. A informação chega por uma mensagem de voz, fria e com a repetição de um 'não te amo mais', Violeta não consegue seguir com sua rotina, fica sem saber o que fazer e a única coisa que quer é compreender o porquê foi abandonada. Ao chegar em casa diz para seu filho que irá viajar, e o que vem a seguir são momentos de imensa solidão e desespero, dos quais a levam por inúmeros lugares durante a madrugada. Ambientado no Rio de Janeiro, a protagonista vaga pelas ruas, se hospeda num hotel, extravasa em uma boate e anda pelas areias da praia, lugar em que parece se acalmar ao encontrar uma garotinha e seu pai Nassir, um pintor de parede, lá eles trocam algumas palavras e cria-se rapidamente uma empatia.
Alessandra Negrini está maravilhosa, uma mulher frágil que expõe todas as fases de sua dor ao ser abandonada sem mais nem menos, pois para ela o relacionamento estava perfeito, principalmente pelo apartamento recém-comprado em Copacabana. A mensagem fria e curta a faz perder o chão e enfrentar um abismo profundo, do qual perde-se por uma noite toda. O roteiro se sustenta nas sensações vividas por Violeta e várias vezes o filme fica vago justamente por ela estar perdida. Nós a acompanhamos nesta jornada incerta desde o primeiro impacto, vemos os seus olhos assustados, sua inquietação, seus questionamentos internos, e a sua ansiedade. Uma das cenas mais lindas é a dança na boate ao som de "Maniac" e também o choro à beira-mar. O silêncio sufoca e nos perdemos junto a ela. Difícil não se emocionar! Mas tudo isso passa, o choro cessa, o dia nasce; ainda é dolorido, mas a vontade de seguir volta e o sentimento de reerguer-se vem à tona.

Um filme poético, intimista e feminino, retrata o drama de ser abandonada e todas as intensidades da dor e do desespero, mas assim como na canção de Chico Buarque o refazer-se acontece.

"Quando você me quiser rever, já vai me encontrar refeita, pode crer. Olhos nos olhos, quero ver o que você faz. Ao sentir que sem você eu passo bem demais."

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