segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A Estranha Vida de Timothy Green (The Odd Life of Timothy)

"A Estranha Vida de Timothy Green" é uma grata surpresa, jurava que iria ser mais um clichê fabulesco da Disney, mas é totalmente o contrário disso, ele é encantador na medida certa e vem com uma boa mensagem ao mundo dos adultos. Devo confessar que Jennifer Garner nunca foi uma atriz que eu gostasse, suas caras e bocas nos filmes de comédia romântica são bem conhecidas, mas nesse ela avançou no drama, e bem naquele momento em que a mulher sente a necessidade de ser mãe. E é aí que entra o problema. 
Cindy (Jennifer Garner) e Jim Green (Joel Edgerton), é um casal feliz, moradores de uma pequena cidade do interior, cuja principal fonte de trabalho da população é uma fábrica de lápis. Por muito tempo vieram tentando ter um filho, porém, sem sucesso. Após uma visita frustrada ao médico que cessou todas as esperanças de que um dia Cindy engravidasse, o casal resolve, depositar em uma caixinha todas as qualidades de que seu filho tivesse, e depois enterraram no quintal, logo o desejo se realiza e nasce Timothy Green. Timothy todo sujo de lama aparece e diz ser filho de Cindy e Jim, vendo que o garoto possuía folhas nas pernas os dois ficaram deslumbrados com o acontecido. Daí por diante ele é exposto aos familiares e amigos como fruto de uma adoção repentina, com medo dele se tornar uma criança esquisita por causa do seu diferencial: as folhas, decidem que ele use meias até os joelhos seja em qual for a situação.
Timothy foi moldado pelos desejos de seus pais, as folhinhas em seus tornozelos caracteriza cada um deles. Ele é honesto, tem habilidades com a pintura, senso de humor, é amável, só não é muito bom com o futebol, e isso o filme explora de forma graciosa. Aliás Cameron 'CJ' Adams que interpreta o garotinho, é de uma delicadeza apaixonante, ele ensina aos adultos sutilmente a cada cena e a cada folhinha que cai.
A magia do filme coube perfeitamente, sem mais nem menos, é no ponto exato para nos emocionarmos sem parecermos ridículos ou manipulados por um drama barato. A história é sincera apesar de mágica, pois é o retrato dos pais que depositam todos os seus sonhos nos filhos, os imaginam de uma forma e querem que sejam aquilo que pensaram. Aqueles pais que querem mostrar aos seus amigos e familiares todas as habilidades do filho, seja em qualquer aspecto, na escola, no esporte, na música, na faculdade, num emprego. Enfim, é normal os pais terem ilusões com os filhos, mas é bom lembrar que cada um tem a sua personalidade, pressão demais acaba frustando, e mais tarde essa criança tão pressionada e reprimida acaba se tornando um ser humano triste, vazio e com medo de ser quem ele é realmente. Timothy ensina que o amor é o que dá a grande impulsão para a vida.

Os desejos vem de forma natural, as habilidades aparecem, e para isso é necessário que o próprio descubra e não os pais com suas obsessões. Outra questão abordada é a adoção, e o quanto esse ato é bonito, pois adotar é aceitar um ser humano novo que não tem características genéticas iguais das pessoas que o adotaram, porém nada como o amor e o tempo de convivência para tudo acontecer. Muitos casais optam pela adoção como última alternativa e mesmo assim sempre procuram por crianças com características parecidas com as deles.
Cometer erros faz parte de ser pai e mãe. A frase que permeia o filme: "Cometemos erros, tentando consertar erros. Não é isso que os pais fazem?". É bem isso, é normal criar expectativas e cobrar demais dos filhos, mas é importante dar liberdade de escolha, dar espaço para que eles consigam se definir, encontrar seu dom e a sua própria maneira de existir. 

O filme é recheado de cenas visualmente deslumbrantes, Timothy, o garoto planta, por ter essa ligação extrema com a natureza, diversas vezes abre os braços em direção à luz do sol para receber a energia, e esse é um dos motivos de o acharem estranho.
Timothy chega e muda a vida das pessoas, mesmo que por pouco tempo. É um filme divertido, delicado e que lembra aos adultos que não existe uma fórmula para criar um filho, ou uma para fabricá-los, aceitar faz parte da condição de ser pai e mãe, assim como também orientá-los é o caminho, mas as escolhas são os próprios que fazem. 
Vale a pena conferir "A Estranha Vida de Timothy Green" e dar mais leveza as opiniões já tão formadas sobre adoção, filhos superprotegidos, expectativas, personalidade, caminhos e a natureza de ser único.

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