sábado, 10 de março de 2012

Tudo Pelo Poder (The Ides Of March)

George Clooney é um candidato democrata, liberalista, pró aborto, contra a pena de morte, jovem, moderno, atualizado. Ou seja, tudo o que povoa os pesadelos do conservadorismo americano, republicano ou não. Embora pleno de qualidades, o governador Mike Morris não está livre dos pecados e desvios de conduta, presentes em todos os ramos, mas imperdoáveis no tal jogo político. Por trás de Mike Morris e de todas as articulações para torná-lo o candidato democrata à presidência americana, estão dois estrategistas, interpretados por Phillip Seymour Hoffman e Ryan Gosling. O primeiro se encarrega do molho caricatural, é a velha raposa que já viu e viveu de tudo e sabe que honra e dignidade, quando perdidas na política, não podem ser recuperadas; o segundo bem apessoado, articulado, perto dos 30 anos de idade, o produto bem acabado das universidades americanas na década de 90. As regras do jogo são muito simples, e "Tudo Pelo Poder" investiga como cada um desses jogadores atua quando tudo está prestes a desmoronar. Nada advém da bondade dos aliados. É preciso prometer cargos e vantagens, estabelecer compromissos. Em termos simples, se vender. E nunca, jamais, em tempo algum, dormir com a estagiária. O roteiro de Clooney, co-escrito por seu parceiro e produtor Grant Heslov e pelo dramaturgo Beau Willimon, examina o que exatamente leva, até mesmo o mais liberal e honrado dos políticos, a meter a mão no esgoto para se eleger. E se corromper. 
O verdadeiro protagonista é Stephen Meyers (Ryan Gosling) o assessor de campanha de Morris e um de seus homens de confiança na reta final das primarias presidenciais, uma espécie de pré-eleição, que decide qual candidato do partido vai concorrer à presidência. A corrida está acirrada entre Morris e o senador Pullman (Michael Mantell), e é praticamente certo que o vencedor do estado de Ohio será ele. Para isso, Paul Zara (Philip Seymour Hoffman), outro assessor de Morris, tenta conseguir o apoio do senador Thompson (Jeffrey Wright) para que esse use sua influência a seu favor. Enquanto isso, Meyers passa a ser sondado por Tom Duffy (Paul Giamatti), assessor de Pullman, que enxerga o talento do garoto e quer fazê-lo mudar de lado. Porém o jovem está casado com a campanha, e não esconde em nenhum momento a admiração que tem por Morris, o que faz com que seu trabalho não seja uma obrigação, mas uma luta pessoal por um mundo melhor. Como um fã em frente ao seu ídolo, o carismático Ryan Gosling é bem sucedido ao dar um ar inocente e juvenil que o papel requer. Apesar de experiente, o seu Meyers não tem a vivência que seus colegas têm e não parece compreender direito como gira aquele mundo, em certo momento ele questiona uma repórter (Marisa Tomei) que está prestes a publicar uma matéria que pode prejudicá-lo "Eu pensei que nós fossemos amigos", sem entender a relação de co-dependência estabelecida entre os dois. E quando um escândalo sexual ameaça vir à tona, as máscaras começam a cair. 

Curiosamente, a medida que entramos junto com o protagonista no submundo da política, o longa toma um ar muito similar aos filmes de máfia. Os assessores se tornam a família e fazem de tudo para se protegerem, enquanto os oponentes exploram cada ponto fraco dos seus inimigos. É um ótimo filme pra quem gosta de politica, e ver todos os estratagemas que as pessoas precisam fazer quando a coisa aperta, onde cada um sobrevive por si só, disfarçando que estão todos juntos até o final, depois que tudo deu certo, aí cada um age à sua maneira.
Talvez o processo politico muito particular dos Estados Unidos cause um certo distanciamento no público brasileiro, mas sem dúvidas o que prevalece nesse longa são os personagens muito bem construídos,  todos, sem exceção.

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