sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Exuberante Deserto (Adama Meshuga'at)

"Exuberante Deserto" (2006) conta a história de Dvir, um garoto que está prestes a completar 13 anos, idade em que se celebra o Bar Mitzvah, vivendo em uma comunidade judaica, o Kibutz, ele enfrenta as dificuldades e as transformações que acontece consigo e ainda lida com Miri, sua mãe depressiva, também vive com eles o irmão mais velho que logo entrará para o exército, o seu pai morreu há alguns anos, mas a causa nunca é revelada a Dvir.
A comunidade aceita receber o namorado de Miri, um suíço não-judeu, Stephan é bem mais velho e isso faz com que todos do Kibutz olhem de forma estranha quando chega, mas a mãe de Dvir está contente com a chegada do novo amor e com todo carinho que ele lhe dá. A convivência não é tão fácil e não demora para que se envolva num conflito e seja expulso da comunidade. Dvir sente pela partida, pois estava vendo a melhora da mãe e a esperança de uma família, com toda essa confusão ela entra num estado cada vez pior, se afunda em uma tristeza absoluta. Dvir faz de tudo para ajudá-la, mas sem resultados. O garoto precisa se preparar para o seu Bar Mitzvah, pois é uma fase complicada, ele é uma criança que de repente se vê adulto tendo grandes responsabilidades. 
Dirigido por Dror Shaul que faz de Dvir seu alter ego nos deparamos com a opressão de se viver em conjunto num Kibutz nos anos 70, localizado em meio a um deserto. Kibutz é uma comunidade criada em Israel baseada no socialismo e no sionismo. É considerado por muitos uma das melhores experiências de vida comunitária já ocorrida na história, e é tido como a base da, hoje reconhecida, força da comunidade israelita por seus preceitos e senso de ajuda mútua. 
Todos ajudam e as tarefas são distribuídas de forma igualitária, mas é óbvio que quando algo sai fora do eixo começam a se incomodar, Miri, por exemplo, por conta de suas alternâncias de humor deixa de executar sua função, o que faz com que os membros discutam sobre ela entre outras coisas numa espécie de conselho.
Viver em comunidade exige-se perder a individualidade, e é isso o que "Exuberante Deserto" nos mostra. Miri começa a duvidar do caráter daquelas pessoas, será que elas são tão boas a ponto de decidir as questões alheias? Logo no começo vemos um homem que sempre comanda as discussões em um ato horroroso, Dvir acaba vendo a tal cena, mas fica calado, o fato é que a pessoa não se transforma num alguém melhor por viver em conjunto, quanto mais fechada for, mais satisfações terão que ser dadas, a privacidade deixa de existir.

"Exuberante Deserto" é dividido em quatro capítulos, cada um deles representando uma estação do ano. Interessante pois o filme nos é passado pelo olhar do garoto que amadurece bem antes do que devia acontecer naturalmente, também tem a questão do primeiro amor, há uma cena lindíssima de primeiro beijo. É uma oportunidade de conhecer hábitos dos quais desconhecemos, além de nos proporcionar uma trilha sonora maravilhosa.
O drama de Miri se acentua e o convívio com os demais se torna impossível depois da celebração do Bar Mitzvah, o que assusta Dvir, mas ao final ela o incentiva a sair de lá e procurar algo melhor para si, principalmente no que diz respeito a sua liberdade. 

É um filme crítico e com certeza nos faz pensar sobre o conceito de se viver em comunidade, pois ela dá impressão de liberdade, quando na verdade é um fechamento. Por mais que se distribuam em partes iguais funções e etc, as pessoas são diferentes entre si, umas são mais frágeis, outras tem tendência em liderar, outras instintos violentos e por aí vai... Não é um filme grandioso, mas emociona e é muito eficaz em sua mensagem.

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