quarta-feira, 25 de março de 2015

Cavalos e Homens (Hross í Oss)

"Cavalos e Homens" (2013) dirigido pelo islandês Benedikt Erlingsson é um filme estranho mas interessante, também é impossível defini-lo, há uma pitada de humor negro na maneira em que as situações são expostas, o modo de vida, o comportamento e sobretudo quando observamos os personagens pelo olhar dos cavalos. É um conto bem típico vindo desta terra tão enigmática chamada Islândia.
O destino de pessoas visto através do olhar dos cavalos. Um romance rural sobre o lado humano nos cavalos, e o cavalo dentro de cada ser humano. O amor e a morte se cruzam com sérias consequências. Em um vilarejo Kolbeinn (Ingvar Eggert Sigurðsson) desfila elegantemente com sua égua enquanto os vizinhos o contemplam com binóculos, ele está indo visitar Solveig (Charlotte Bøving), uma viúva em que está interessado. Após tomarem o chá Kolbeinn se despede e monta em sua linda égua, da qual faz o garanhão de Solveig enlouquecer arrebentando a cerca e ir atrás dela. A primeira situação constrangedora do filme se dá aí, Kolbeinn montado na égua no momento em que o coito acontece. O poster do longa exibe essa cena. O homem fica extremamente envergonhado e sai em disparada, pois os vizinhos viram através de seus binóculos. O que vem a seguir é o abate da égua, a situação foi o limite do que Kolbeinn poderia aguentar.
Todas as consequências se revelam de algum modo embaraçosas, acontecem outras historietas um tanto absurdas, como a morte do homem que se põe ao mar com um cavalo e segue até o navio para pegar bebida e não ouve quando os homens o alertam para tomar cuidado com a vodca que é extremamente forte. Há ainda um outro que se irrita com as demarcações feitas no terreno pelo vizinho, e Juan (Juan Camillo Roman Estrada), um turista latino que se perde em uma cavalgada no meio do nada e é obrigado a fazer algo muito drástico para sobreviver.
A situação em que os vizinhos bisbilhotam os passos do personagem reflete bem o como os outros "cuidam" da vida das pessoas para esquecerem de suas próprias, e esperam fortemente que algo não dê certo para que não sejam os únicos a fracassar em algum ponto. O constrangimento da cena do coito causou tanto ódio em Kolbeinn que o fez matar a égua apesar do amor que sentia. O medo do julgamento está a todo instante ao lado do ser humano e a moral é a grande vilã desta história.

O filme é frio e não consegue envolver de fato, mas tem suas belezas, como a paisagem melancólica e solitária da Islândia. Os cavalos retratados são um show a parte, lindos, elegantes, observadores e selvagens. Os humanos se tornam animais por muitas vezes, mas no pior sentido da palavra.
Situações tragicômicas permeiam a história com personagens peculiares em um ambiente lindíssimo rodeado por uma sensação de sentir-se completamente livre.

Não se pode lutar contra a natureza e isso fica claro com os animais, desprovidos de moral são seres puros. Uma das cenas finais em que Kolbeinn faz sexo com Solveig ao ar livre em meio a uma cavalgada em grupo retrata a complexidade do ser humano e o deixar-se levar pelos desejos animalescos.
Dá para tirar algumas reflexões e se encantar com a estética, para os curiosos "Cavalos e Homens" é uma ótima experimentação.

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