segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Separação (Jodaeiye Nader Az Simin)

Filme iraniano ganhador do Globo de Ouro, e do Urso de Ouro, dirigido por Asghar Farhadi (Procurando Elly), aborda conflitos humanos em uma sociedade onde a religião, tradição e as leis são rigorosas.
Simin (Leila Hatami) quer a separação para poder sair de seu país, e encontrar um jeito mais ameno de viver. Nader (Peyman Moadi) não pode ir, ele tem seu pai com Alzheimer e de forma alguma pode deixá-lo sozinho. Simin deseja deixar seu país, mas não consegue ficar longe de sua filha Termeh (Sarina Farhadi) que decide ficar na casa de seu pai.
Sozinho, Nader precisa de alguém que ajude a cuidar de seu pai, contrata a religiosa Razieh (Sareh Bayat), ela se depara com tarefas que vão contra suas crenças, como limpar o idoso, trocar a roupa, enfim, para ela isso parece ser um pecado. Razieh acaba indicando seu marido ao serviço, mas este com problemas não consegue cumprir as tarefas, e escondida do marido Razieh se resigna a cuidar do pai de Nader.
Certo dia, o idoso escapa da vista da mulher e sai para rua, daí em diante os conflitos aumentam, pois Razieh estava grávida e acabou perdendo o bebê após ter brigado com Nader, que ao chegar em casa encontrou seu pai amarrado e caído desfalecido ao pé da cama. O que se segue é um processo judicial repleto de mentiras, onde o final a verdade aparece de forma brusca. 
Para entender este filme é necessário se desprender dos valores ocidentais e entrar no universo da mulher que luta contra suas crenças, e da justiça lenta que pune severamente. Um retrato atual da sociedade iraniana, sobre religião, preconceitos, separação de classes e cultura.
O filme não traz respostas e sim questões a serem abordadas e analisadas, onde não há julgamentos, e nós que assistimos tomamos parte dos personagens, vendo que cada um sofre por motivos particulares.
Com um forte enredo que capta um drama universal, independente de cultura e crença, não é apenas um propulsor de uma sociedade reprimida, mas mostra como todo ser humano, em qualquer lugar do mundo também sofre por conflitos familiares, e até mais, pois as leis iranianas são mais pesadas, e não admitem muitas coisas que para nós parecem ser simples de se resolver.
É incrível como simpatizamos com os personagens, e isso tudo é por conta do enredo, que capta bem o drama familiar que estas pessoas vivem, não há vilões e mocinhos, é uma trama bem honesta e simples.

Um filme forte e bem realista. É impossível não se envolver com a história e pensar nas ideologias e nos conflitos humanos que Farhadi traz com toda sua excelência.

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