segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Moebius (Moebiuseu)

Kim Ki-Duk (Pietá - 2012) é um gênio provocador e no seu mais novo filme "Moebius" ele traz uma conturbada crônica familiar, uma mistura de thriller psicológico, comédia grotesca e uma perversa ode ao sadomasoquismo. Essa bizarra comédia de humor negro nada mais é do que uma alegoria animalesca da sociedade.
Nesta metáfora sobre a obsessão contemporânea com a própria sexualidade, conduzida por personagens sem nomes e narrada sem auxílio de diálogos, acompanhamos a briga entre um casal que, observado pelo filho adolescente, discute sobre a infidelidade do marido. O conflito se desdobra em uma cadeia de eventos violentos, culminando em um epílogo dramático de destruição. Em declaração o diretor disse que seus filmes são a interpretação do mundo que vê, e em "Moebius" é levado ao extremo sentimentos como culpa e obsessão pelo sexo, as cenas são fortes e dificilmente agradará o público que está acostumado mais com suas obras sutis.
O interessante é que o humor está sempre presente no longa, mas de forma grotesca, dentro do âmbito familiar é comum situações risíveis se tornarem num gigante a esmagar. É necessário uma boa dose de coragem e interesse para assisti-lo, em "Moebius" amplia-se situações e tudo fica mais em evidência, já que o filme se comunica através de expressões, gestos e gemidos, não há sequer um diálogo na história.
A mãe (Lee Eun-Woo) após descobrir o caso extraconjugal do pai (Cho Jae-Hyun), trama uma vingança a altura: puni-lo amputando seu pênis. A tentativa acaba frustrada e a raiva ricocheteia no filho (Seo Young-Joo). Isso não afeta unicamente o psicológico do garoto, que tem de lidar com a zombaria dos colegas, mas atinge igualmente o pai em uma terrível crise de culpa em que termina retirando o próprio pênis para logo em seguida tentar encontrar alternativas de obter prazer para si e seu filho.
E é pela dor que tanto o pai e o filho começam a sentir prazer, a técnica é esfregar uma pedra em determinadas zonas erógenas do corpo, é bem bizarro, adiante o filho começa a se envolver com a ex-amante do pai, e esta aceita a lhe dar prazer através da dor, a cena em que ela lhe finca uma faca nas costas é uma das mais estranhas. O filme também não mostra tudo, a sugestividade faz sua parte nos deixando tensos. Vale ressaltar a maravilhosa interpretação do garoto Seo Youn-Joo, e principalmente de Lee Eun-Woo, que se desdobra em cena como a mãe e a amante.

O filme faz críticas, nada ali é gratuito, ele mostra de forma cruel uma sociedade doente, insana e estereotipada capaz de coisas surreais e bestiais. Kim Ki-Duk retira todo o embelezamento dos ditos seres humanos. Para aqueles que gostam de desafios cinematográficos é mais que válido!

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