quinta-feira, 20 de março de 2014

A Pequena Loja de Suicídios (Le Magasin des Suicides)

"A Pequena Loja de Suicídios" (2012) é uma animação francesa dirigida por Patrice Laconte. Baseado no livro homônimo do escritor francês Jean Teulé, o filme é uma comédia musical de humor negro. Sim, tem aquelas musiquinhas chatas! Apesar de algumas coisas irritantes ainda acho muito válido vê-lo. O conceito de que animação é para criança já se perdeu faz tempo, o maior exemplo é "Persepolis" (2007). "A Pequena Loja de Suicídios" é só uma amostra de uma boa animação feita para o mundo adulto.
Em uma cidade cinza imersa em depressão e desesperanças, uma família ganha a vida vendendo artigos para ajudar pessoas a cometerem suicídio. Entretanto, os negócios enfrentam problemas quando o filho caçula decide mudar de uma vez por todas essa realidade. O cenário é imensamente decadente, as pessoas não têm esperanças de um futuro, ninguém sabe mais sorrir, a crise econômica assola e todos os valores estão perdidos. A única alternativa é o suicídio, porém é proibido em via pública, aquele que o fizer será multado, os familiares ficam com o encargo de pagar a dívida. Tendo o suicídio como o único caminho, muitas pessoas procuram a loja especializada em artigos para tal, como cordas, venenos, armas e muitas outras coisas.
"Morte ou reembolso" é o lema da família Tuvache, administradores da loja, Mishima é o patriarca, Lucrèce, a esposa, Marilyn e Vincent, os filhos, todos obcecados pela morte. Após o nascimento do novo membro da família, Alan, as coisas vão tomando outro rumo e novas percepções se abrem. Ele demonstra sentimentos opostos, como alegria e amor. Os familiares se irritam com toda a felicidade que esbanja, e temem perder a freguesia. Alan arma várias travessuras com a intenção de apresentar às pessoas que a vida não pode ser levada tão a sério. Ele tenta de todas as formas mostrar que o amor pode salvá-las.
O fator autoestima é bem delineado na personagem Marilyn, ela se sente gorda e feia, portanto deseja se suicidar, mas não pode por fazer parte da família Tuvache e ser herdeira da loja, o que a deixa péssima. Alan tenta ajudá-la a se enxergar e gostar de si mesma, a cena em que ela dança com o lenço é o começo de uma grande mudança.
É inevitável não lembrar de Tim Burton, a aura mórbida do filme lembra muito. Os diálogos politicamente incorretos são criativos, inteligentes e contém um humor ácido. A crítica é fantástica. O mundo caminha a passos rápidos para o pessimismo e a desilusão. Nada mais parece funcionar, e as relações humanas estão distantes e frias. Tudo virou uma espécie de mercadoria com estranhas manobras para atrair mais e mais consumidores.


O roteiro trabalha bem o cinismo, os personagens são os esteriótipos perfeitos dos vendedores que fazem de tudo para vender o produto, não economizam em slogans, propagandas e grandes variedades. Tudo de "melhor" para o cliente. Algo que faz com que o desejo de compra se torne necessário.
Tudo isso é realmente interessante, mas o que incomoda é o fim otimista demais, a mudança repentina de tristeza para a alegria exacerbada deu características de mensagem de auto-ajuda, faltou um pouco de delicadeza nesse processo. O musical é exagerado e forçado. Perde-se em argumento e ganha-se em soluções fáceis. Esses pontos mesmo que desnecessários não fazem com que a crítica se perca, porém desaponta o espectador.
"A Pequena Loja de Suicídios" é um filme que passeia bem pelo humor negro e que deixa uma bela lição de moral ao final. É óbvia, mas é sempre válido lembrar que para curar os males uma boa dose de amor basta!

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