segunda-feira, 15 de julho de 2013

Possuídos (Bug)

"Bug" (2006) dirigido por William Friedkin (O Exorcista - 1973) é um filme de terror psicológico, esqueça o título traduzido, pois ele dá a falsa impressão de ser um filme comum de terror e não faz jus a história. E se pudesse categorizá-lo em apenas um gênero, seria o drama. Essas traduções têm o único intuito de vender o produto para um público maior que compra pela primeira impressão, infelizmente destrói completamente o contexto da obra. "Bug" que significa inseto conta a história de Agnes White (Ashley Judd), uma garçonete que escapou de seu ex-marido Jerry Gross (Harry Connick Jr.), recém-saído da prisão. Ela vive em um hotel de beira de estrada e é apresentada por R.C (Lynn Collins), sua colega de trabalho, a Peter Evans (Michael Shannon), um veterano da Guerra do Golfo. Peter é obcecado por insetos e logo se relaciona com Agnes. Porém ela passa a viver um pesadelo claustrofóbico quando diversos insetos começam a invadir sua vida.
Michael Shannon é um ator magistral, ele é especialista em representar personagens com problemas psicológicos, vide "Meu Filho, Olha o que Fizeste!" - 2009, e "O Abrigo" - 2013, é muito bom vê-lo em cena, é extasiante. Em "Bug" ele é Peter e inicialmente aparece tímido, sente afinidade por Agnes, que é solitária, sofrida e repleta de traumas. Aos poucos ela é absorvida para o mundo de Peter de um jeito surreal. É uma ótima amostra de como uma mente frágil se deixa levar quando algo lhe parece seguro, quando imagina que tudo o que vê é o que necessita. Peter lhe deu companhia, sua presença é um motivo para Agnes viver, e nisso acabou se nutrindo da loucura de Peter.
Agnes está tão frágil e tão sem norte que logo no início vemos uma ponta do que está por acontecer, a primeira cena é dela atendendo um telefone que toca estridentemente e quando atende não há ninguém. Há casos em que a solidão gera um tipo de alucinação, principalmente em pessoas que não são habituadas a ela. Agnes pensa que é seu ex-marido recém-saído da cadeia do outro lado da linha, e quando ele aparece em sua casa diz não ter ligado. Jerry é um sanguessuga bruto, aparece para pegar o dinheiro de Agnes. O passado deles revela algo muito triste, eles tiveram um filho do qual desapareceu certo dia em um mercado. Para Agnes a perda do filho é irreparável, vive remoendo esta história, é bem nítido como está perdida na vida. E quando Peter aparece, eles se entrelaçam, sentem uma afinidade instantânea, logo ela o convida para dormir no quarto de hotel onde mora, entre conversas estranhas se apaixonam e se unem numa relação simbiótica.

Filmado praticamente em único ambiente, a sensação é de claustrofobia conforme a loucura se acentua. O tom teatral só evidencia o drama dos dois personagens, os diálogos quase pro final do longa tem um ritmo alucinante.
"Bug" faz um aprofundamento na mente de duas pessoas fragilizadas que se unem numa única loucura. A paranoia é contagiosa, ainda mais quando a situação real é um mar de perguntas sem respostas.
É um suspense diferenciado, crescente e que nos provoca e causa mal-estar, o pensamento principal é o encontro de uma mente frágil com a loucura em potencial, porém dá para tecer uma série de ideias sobre o tema.

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