segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Mestre (The Master)

Paul Thomas Anderson após cinco anos desde "Sangue Negro" (2007) retorna mais uma vez à direção, produção e escrita de um longa curioso que mantém as peculiaridades e qualidades do diretor, apresentando o ator Joaquin Phoenix dando uma aula de atuação e entregando-se completamente a seu personagem.
No início de "O Mestre" vemos Freddie Sutton em uma ilha, sofrendo as amarguras das quais a guerra consegue propiciar a mente de uma pessoa. Após uma confusão envolvendo sua fórmula especial de bebida alcoólica, Freddie vai parar no navio de Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman), que o trata bem desde o início e o convida para participar do encontro e festejamento que está acontecendo, imediatamente o introduzindo à conceitos curiosos e uma forma não convencional que de primeira vista mais parece com técnicas de psicologia do que uma seita que acredita em vidas passadas, futuras e uma infinidade de crenças que ficam confusas no decorrer do longa, que podiam ser mais bem explicadas, mas mesmo assim não afetam na proposta e resultado final.
Freddie passa a admirar muito Lancaster, e este o "adota" para ser seu mestre quando penetra aos poucos na mente perturbada do ex-soldado, a cada discurso do mestre notamos o olhar de Freddie que às vezes exterioriza o quão fica confuso, com isso a mulher de Lancaster, Peggy Dodd, logo sente receio do mais recente membro da família, pois nas sessões de "processamento" (volta à vidas passadas) ele mais fica distante em seus pensamentos do que presta atenção, como se começasse a sentir que aquilo ali era pura besteira. Na cena em que um convidado a assistir um processamento no apartamento de uma senhora questiona o perigo do Movimento da Causa alegar que cura a leucemia e logo depois Freddie vai ao apartamento do homem e o surra é possível notar que sua adoração é pelo mestre em si e não sua ideologia centralizada nele mesmo, somente em seus livros, um homem que quando questionado fica extremamente nervoso e sem muitos argumentos para defender sua amada Causa, mas que deu a Freddie uma razão para seguir adiante e o submete a várias sessões de andar de um lado para o outro na sala e imaginar o que vê de olhos fechados enquanto toca a parede, depois de fazer muito isso parece que ele aderiu ao movimento e é aí que tudo desmorona e prefere partir, vemos que escolhe seu caminho e a única coisa que queria era a amizade de seu mestre bajulado pelos seguidores fanáticos e só admirado pelo seu esquisito amigo de trejeitos no mínimo bizarros, andar e colocação das mãos na cintura característicos de seus vários tiques.

No fim a história é mais do personagem de Joaquin Phoenix, que mostra que precisava de direção e não ideologia ou alguém que o ordenasse a acreditar em algo que ele não vê como possa haver sentido, afinal o Homem, apesar de necessitar de um mestre, esse não precisa ser necessariamente uma pessoa e suas ideologias calcadas em uma mente criativa, mas sim somente alguém com quem se preocupar e gostar de passar o tempo junto, sair, sem ter de se escravizar por algo religioso, ideológico ou político, ou uma 'Causa'.

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