sexta-feira, 10 de maio de 2013

Turistas (Sightseers)

"Turistas" (2012) dirigido por Ben Wheatley (Kill List - 2011) é uma comédia de baixo orçamento. A trama nos traz uma história um tanto maluca, mas ao mesmo tempo simples, o diferente é como as coisas acontecem e são vistas. É um road movie violento, trágico, apaixonante e curioso.
Um recém casal de namorados de aparentemente uns 30 anos, Tina (Alice Lowe) e Chris (Steve Oram), resolvem viajar pelos lugares turísticos da Inglaterra, essa aventura não é vista com bons olhos pela mãe de Tina, que a culpa pela morte de seu cachorro, inclusive a cena em que o cachorro morre é no mínimo peculiar. Os dois são o típico casal de desajustados que de alguma maneira se apegaram pelas suas deficiências. De início vemos que Tina é a que mais se aproxima da sanidade, enquanto Chris é um sujeito nervoso e imprevisível, ele não tolera quase nada e leva isso a sério e ao extremo. A viagem vai ganhando tons de violência quando Chris atropela com seu trailer um cidadão do qual se desentendeu momentos antes. A maneira que Tina encara o "acidente" já demonstra traços de um possível desiquilíbrio, ela aceita porque está apaixonada por Chris e quer continuar a viagem e aproveitá-la o máximo possível, afinal o amor requer compreensão e aceitação. Por incrível que pareça as situações, ele é demasiado humano, pois trata de sentimentos corriqueiros, porém de forma mais aguda, como a inveja, baixa auto-estima, mediocridade, instinto e a influência que o outro pode nos causar. Tudo isso é tratado com uma boa dose de loucura.
A trilha sonora é debochada, percebe-se pela música "Tainted Love" de Soft Cell, logo no começo do filme, a fotografia é vívida e bem suave e o roteiro é mais que surpreendente. É um filme despretensioso, ele simplesmente conta uma história. O filme foca na personalidade multifacetada dos protagonistas. É hilário perceber a evolução sádica dos dois, especialmente de Tina. Podemos ver que a vida patética da mulher, dedicada a uma terrível mãe que se fez de doente, eclode em um sentimento puro de poder e violência, ainda que de maneira pouco convencional.
O humor é ácido e nos chocamos com várias cenas por conta das atitudes dos personagens, principalmente por Tina, pois Chris desde o início mostrou seu temperamento, ela foi sendo influenciada, mas claro, tudo já estava dentro de si, bastava um empurrão. O momento que ela descobre que Chris matou o cara do acampamento porque se sentiu ameaçado, na verdade, foi por pura inveja; o cara tinha escrito vários livros e estava escrevendo o próximo, Chris também estava nessa empreitada, mas sem um pingo de inspiração ou talento, dessa maneira foi lá e deu um fim no homem. Tina aceita o fato e até sequestra o cão do finado, que era um cover do seu, aquele que morreu no início da história. A partir daí, Tina descamba e juntos cometem vários homicídios, mas sempre alegando que foi por um motivo. Os anti-heróis acabam nos cativando exatamente por chegar próximos de nós, afinal todos temos um lado negro da força com instintos violentos.

Em dado momento Chris reclama de Tina, pois ele alega que ela não tem método com os crimes que comete, age por impulso e o faz ficar desnorteado, nesse instante entram em conflito deixando tudo ainda mais confuso e maluco, no que desencadeia num final surpreendente e ao mesmo tempo hilário.
O filme tem uma linguagem diferente, portanto, não é todo mundo que irá gostar, o mórbido está de mãos dadas com o divertido. Neste longa o bizarro é agradável!

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