sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Um Violinista no Telhado (Fiddler on the Roof)

"Um Violinista no Telhado" é um maravilhoso musical de 1971 que explora tradições judaicas e questões que começam a surgir, pois o mundo evolui e esses costumes vão sendo colocados à prova. Já logo no começo a palavra "Tradição" é enfatizada, nos mostrando que o povo judaico se estabiliza diante as suas tradições. É o que dá equilíbrio a eles.
"Um Violinista no Telhado" é um musical da Broadway de grande sucesso. Inspirado nos contos "Tevie the Milkman" de Sholem Aleichem, o espetáculo nos conta a história do pobre leiteiro judeu Reb Tevye (Topol), pai de cinco filhas e morador da pacata vila russa Anatevka, que sofre opressão e antissemitismo crescentes dos russos ortodoxos. A história retrata a perseverança de um povo perseguido que luta para se manter íntegro e seguindo suas tradições. Um musical feito até para quem não curte musicais, impossível não se encantar com as letras que geralmente contam as histórias, os lamentos e indecisões desse povo. As danças tradicionais são um show a parte. É um espetáculo.
Topol dá vida a Tevye um carisma universal que, de tão apaixonado pela beleza de suas tradições e por seu modo de vida, nos desperta uma simpatia crescente por Anatevka e seus moradores. Seus diálogos com Deus são na maioria das vezes engraçados, principalmente quando cita o que o grande livro diz. O primeiro teste às convicções do protagonista surge com o noivado da sua filha mais velha. Seguindo a tradição, o pai escolheu o noivo e decidiu-se pelo velho açougueiro da aldeia. Para uma família pobre é difícil casar uma filha, então não se pode escolher muito, porém a jovem está apaixonada por outro homem, seu amigo de infância, um costureiro. Os dois jovens já tinham se comprometido em segredo, e isso se torna um grande problema para Tevye. Pois o que está jurado não pode ser desfeito e o acordo com o velho açougueiro também não. Mesmo que sejam pobres e vivam de migalhas, eles são felizes se amando. A felicidade de um filho para um judeu é algo muito precioso.
O longa também se detém sobre os rituais e pequenos gestos, que são plenos de significado espiritual: a cerimônia decorre ao ar livre, como um prenúncio de que o casamento será abençoado com tantas crianças quantas sejam as estrelas do céu; os noivos estão sob uma tenda, que simboliza o novo lar que está sendo criado; e o rabino administra as bençãos sobre a taça de vinho, símbolo da alegria e contentamento. A cerimônia termina com um costume estranho, quando o noivo quebra um copo de vidro com o pé, isto recorda que a alegria deve ser moderada pela memória das catástrofes do povo e que a felicidade dos judeus nunca estará completa enquanto o Templo de Jerusalém permanecer destruído. A tradição se torna ainda mais forte quando a filha do meio de Tevye é proibida de se casar com um não-judeu. Isto é impossível, jamais acontecerá, e se persistirem nisso a filha não será mais considerada membro da família. Os judeus tem no sangue o questionamento e nem Deus escapa, ele dialoga e o questiona. Mas como o grande livro diz: "Se eu pudesse compreender Deus, eu seria Deus."

Outro ponto interessante é a saída as pressas de sua terra Anatevka, por decreto do czar. Mostra declaradamente na procissão que se procede, um sofrimento carregado de um povo perseguido, que ama sua terra, suas tradições, mas que acima de tudo tem a capacidade de se restabelecer. A metáfora do violinista cabe perfeitamente a perseverança do povo judeu: "Um Violinista no Telhado. Parece loucura não? Mas todos nós somos como um violinista em um telhado, tentando arranhar uma simples e bela melodia, sem quebrar o pescoço."
A maior mensagem do filme é o amor, nos sorrisos que Tevye esbanja, nas histórias que conta a sua mulher, nos questionamentos e diálogos com Deus, em suas canções e danças. Tevye pode parecer um homem rude, mas facilmente esse perfil se desmonta e nos afeiçoamos a um personagem humano e cheio de amor.

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