sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Algo como a Felicidade (Stestí)

A felicidade pode ser constante, ou apenas momentânea? Corremos atrás dela incansavelmente durante toda nossa vida acreditando que podemos conseguir algo maior, que pensamos ser o melhor, mas também podemos aceitar nossa realidade, dando valor para aqueles que nos amam, que estão ao nosso lado, e assim percebendo que a felicidade estava tão perto que nem nos dávamos conta. Geralmente o cair da ficha acontece devido algum momento ruim do qual passamos. Mas será que desejar uma felicidade suprema é errado?
"Algo como a Felicidade" (2005) é um filme tcheco que aborda de forma simples esse tema. Monika (Tatiana Vilhelmová), Toník (Pavel Liska) e Dasha (Anna Geislerová) cresceram juntos no mesmo conjunto habitacional, no subúrbio de uma pequena cidade da República Tcheca. Já adultos, eles buscam meios distintos para viver. Monika espera um dia reencontrar o noivo, que partiu para os Estados Unidos em busca de dinheiro e sucesso. Toník vive com sua tia excêntrica (Zuzana Kronerová), com quem tenta manter a fazenda da família. Já Dasha tem dois filhos e um amante casado, estando sempre à beira do desespero. Quando seu estado piora ela é hospitalizada, o que faz com que Monika e Toník se aproximem.
Numa cidadezinha da Rep. Tcheca três jovens entram em conflitos pessoais, a indecisão entre acomodar-se ao lugar ou se vão embora para longe. Dasha é uma jovem problemática, com dois filhos parece não aprender a lição, ela é que vai fazer com que Toník e Monika se aproximem, depois que Dasha vai internada, os dois ficam com as crianças e desta forma encontram um meio de sentir algo como a felicidade; uma coisa que poderia ser vista como difícil ou ruim, os dois encontram uma alegria poucas vezes sentida.
O filme pode parecer conformista, mas também pode ser otimista, apesar de ter um tom triste. Os personagens são retratos de nós mesmos, com dúvidas, problemas, anseios. Na maior parte do tempo estamos nos decepcionando com algo ou alguém, isso se deve ao nosso egoísmo, mesmo sendo imperceptível a nós, é da natureza humana. Mas quando descobrimos o valor das pequenas coisas, das sensações que não prestamos atenção no dia a dia, é como se a felicidade fosse plena e a vontade de parar o tempo acontecesse. Mesmo que esta venha de forma solitária como no fim do longa, em que Monika sorri diante a uma cena totalmente simples.

Nem sempre as coisas dão certo, mas é nesses momentos que descobrimos algo que estava na frente de nossos olhos. Como um amor, uma amizade, uma sensação. Os problemas, acontecimentos ruins existem aos montes e para qualquer um, mas eles vêm com algum propósito, seja para aproximar ou mostrar uma verdade.
O longa é um retrato da Rep. Tcheca pós-comunismo, a contradição entre passado e presente, a vontade de partir contra a busca de suas raízes, em meio a isso é difícil encontrar e saber o seu lugar. O lado político é quase invisível aos nossos olhos, pois o que reflete mesmo é o lado humano de cada um, suas imperfeições e buscas incessantes. Cada pessoa interpretará de uma maneira, a mim foi esperança e encontro de sutilezas.

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