sexta-feira, 27 de abril de 2012

A Metamorfose (Prevrashchenie)

"A Metamorfose" (2002) é baseado no conto de Franz Kafka, publicado em 1915, esta obra ficou muito conhecida e é um dos textos mais estudados e citados. A adaptação para o cinema não ficou menos angustiante do que o livro e ao mesmo tempo de uma beleza fora do comum.
Antes de mais nada é bom salientar que este filme, talvez, agrade aos que leram o livro e entendem o estilo de Kafka, onde questiona-se a existência humana diante a acontecimentos negativos sem ao menos aproveitar a situação ou poder sair dela, então temas como a solidão, paranoia, perseguição, estão inseridas nas obras deste genial escritor. No fundo os protagonistas nada mais são do que a exteriorização do próprio Kafka, expondo seus medos diante ao mundo, sua solidão interior e a dificuldade de se relacionar com a família.
A história começa quando numa manhã, ao acordar para o trabalho, Gregor vê que se transformou num inseto horrível, com um dorso duro e inúmeras patas. A princípio, as suas preocupações passam por pensamentos práticos relacionados com sua metamorfose. Depois, as preocupações passam para um estado mais psicológico e até mesmo sentimental. Gregor sente-se magoado pela repulsa dos pais perante a sua situação. Apenas a irmã se digna a levar-lhe a alimentação, mas mesmo assim a repulsa e o medo também começam a se manifestar. A metamorfose de Gregor vai além da modificação física. É sobretudo, uma alteração de comportamentos, atitudes, sentimentos  e opiniões. Gregor passa a analisar as coisas que o rodeiam com muito mais atenção. Outra metamorfose ocorre no seio familiar: o pai volta a trabalhar, a irmã também arranja um trabalho e passam a alugar quartos na própria casa onde habitam. As atitudes dos pais diante ao filho retrata a ideia que este era apenas o sustento da casa.
A metamorfose de Kafka não conta apenas a história de um homem que se transformou num inseto. É um alerta à sociedade e aos comportamentos humanos, principalmente o desespero do homem perante o absurdo do mundo. Interessante perceber que em nenhum momento Gregor se dá conta realmente que se transformou, apenas observa seus novos membros, órgãos e hábitos, mas com o tempo se acomoda na nova condição sem efetivamente entender no que se tornara.

Valerin Folkin é um aclamado diretor de teatro russo, e nos oferece esta adaptação única do conto, o ator Yevgeni Mironov nos presenteia com uma interpretação magnífica, toda a transformação é colocada sobre sua expressão corporal e facial, sem utilizar efeitos, a mudança é inteiramente teatral. Não conseguimos tirar os olhos de Mironov. Muito minimalista em termos de gestuais, e devido os atores serem de teatro todas as expressões são expostas exageradamente, intencionalmente, claro.
A linguagem e a estética são o diferencial, e para quem gosta do universo kafkiano é obrigatório que se assista "A Metamorfose".

terça-feira, 24 de abril de 2012

O Leitor (The Reader)

Baseado no romance "Der Vorleser" do escritor alemão Bernhard Schlink e adaptado para o cinema pelo roteirista David Hare e dirigido por Stephen Daldry.
Retrata a história de Michael Berg (Ralph Fiennes), um advogado alemão que nos idos de 1958, mantém um caso com uma mulher mais velha, Hanna Schmitz (Kate Winslet), até que ela subitamente desaparece de sua vida para ressurgir oito anos mais tarde, no banco dos réus de um tribunal alemão, acusada de ter trabalhado na SS durante a segunda guerra mundial, e de ser uma das responsáveis pela morte de dezenas de judeus em diferentes momentos da guerra. Michael percebe que Hanna guarda um segredo que acredita ser pior que seu passado nazista, um segredo que pode ser crucial para a decisão da corte.
A história começa com Michael relembrando seu passado, quando menino envolveu-se com Hanna, vinte anos mais velha que ele, depois de uma intensa relação tanto sentimental quanto sexual, regada com boas doses de leitura, Hanna desaparece misteriosamente. Ela é uma mulher simples, rústica e sem grandes habilidades para comunicação, mas é extremamente envolvente e bela. Michael nunca conseguiu se relacionar com outra mulher e nunca a esqueceu. Ao mesmo tempo que enxergamos Hanna uma pessoa má que cometeu atrocidades, ela é caracterizada como uma personagem humana e de muitas nuances.
A colaboração voluntária desta mulher nos campos de concentração é o que está em julgamento. Quantos não acataram ordens de Hitler sem ter a noção da crueldade ao qual estavam se submetendo? Os valores humanos são postos em xeque, quando é acusada pelas outras mulheres que também serviram ao regime, ela acaba assumindo o crime sozinha. Michael sabe que Hanna é analfabeta e que, portanto, seria impossível ter escrito um caderno com os relatos diários de sua função. Envergonhada, Hanna não assume a ignorância e paga o preço sozinha.
Um fato interessante era que Hanna por ser analfabeta sempre escolhia as mais novas para que lessem os romances para ela, antes que as encaminhassem para a morte. Não podemos julgá-la, pois ela viveu dentro de sua própria ignorância.
Romance, conflitos e redenção, basicamente o filme se resume a isso, mas há o amor pela leitura que o faz ser ainda mais interessante. A interpretação do garoto David Kross é bastante convincente e garante cenas de intensa paixão, o ritmo se quebra um pouco quando Michael surge mais velho, interpretado por Ralph Fiennes, mas nada que prejudique a trama.

Não há clichês ou sentimentalismos, e muito menos julgamentos para com os personagens, tanto Michael como Hanna agem de forma oposta do esperado. É sutil ao tratar do holocausto e a interpretação de Kate Winslet é formidável, uma mulher complexa, mas de modos simples. Deveras um filme grandioso!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close)

Oskar Schell (Thomas Horn) é um garoto muito inteligente que sofre da síndrome de Asperger, e fora seu pai (Tom Hanks) tem muita dificuldade em se relacionar com outras pessoas. Após a morte deste no atentado de 11 de setembro, o menino se vê completamente perdido, traumatizado e sozinho. No armário do pai, Oskar encontra um vaso, após quebrá-lo depara-se com um envelope, e nele há um nome escrito: Black, dentro do envelope acha uma chave, e depois disso passa a querer encontrar o que aquela chave abriria, então começa uma busca, e ele percorre toda NY para encontrar algo que ele nem mesmo sabe se vai achar. A sua ideia foi procurar na lista telefônica quantas pessoas com o nome Black existiam, e descobriu 417, daí começa a procurá-las uma a uma, com o intuito de desvendar o mistério.
Independente da discussão sobre o atentado, o que encontramos nesse longa é a história de uma criança, tentando encontrar uma maneira de manter a lembrança de seu pai sempre por perto, ele acaba conhecendo pessoas que perderam seus entes queridos também e descobre que a vida não foi só injusta com ele.
Baseado no livro homônimo de Jonathan Safran Foer, é um filme de um sentimentalismo exarcebado, um garoto que despreza a mãe e que por onde passa conta sua história comovendo as pessoas, é uma criança repleta de dificuldades e cheia de traumas. Aos poucos vai livrando-se delas, graças ao personagem um tanto estranho que apenas se comunica escrevendo em um bloco de notas, mais tarde ele vem a descobrir que esse homem é seu avô. Por um certo tempo o avô (Max von Sydow) acompanha-o em sua jornada, mas nem ele consegue aturar mais a obsessão de Oskar.
O diretor Stephen Daldry fez um ótimo trabalho, mas o crédito vai para o roteirista Eric Roth, que soube manejar a história. O final é lindo e carrega uma mensagem emocionante. 
Sandra Bullock arrasou em seu papel dramático, no princípio apagada, mas em uma reviravolta nos dá uma nova perspectiva da história.

Oskar é um garoto chato, irritante, mas é devido a síndrome de Asperger, ele supera suas limitações e vai em busca de algo que nem sabe o que é, uma maneira de manter o pai perto de si. As suas manias, como andar chacoalhando um pandeiro para se sentir bem é uma das implicâncias que criamos com ele, mas faz parte de sua superação. 
O atentado de 11 de setembro é apenas um pano de fundo para contar a história de Oskar, um menino que tenta superar a ausência do pai se aventurando pela cidade. É admirável que mesmo sendo um tema batido seja um filme criativo. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Dublê do Diabo (The Devil's Double)

Dirigido por Lee Tamahori, "O Dublê do Diabo" mostra a história real de Latif Yahia, dublê de Uday Hussein, ambos interpretados por Dominic Cooper. Uday é filho de Saddam Hussein (Philip Quast) e cisma em querer uma cópia de si mesmo para usá-la aonde não quisesse aparecer, então escolhe Latif que era seu colega de escola e decide fazê-lo seu irmão. Latif rejeita o cargo, mas não se tem muito a fazer diante do poder de Uday, e assim se torna dublê de um dos homens mais poderosos e inescrupulosos.
Durante o longa são inseridas imagens da guerra do Golfo, e a entrada dos Estados Unidos no país, que desejavam derrubar o ditador, porém a história frisa a relação de Uday e Latif. A partir do momento em que Latif fica farto de sua situação a tensão aumenta, as cenas de ação são bem feitas e até chocantes. Uday Hussein é um homem mimado e extremamente cruel, caracterizado no filme como drogado, pedófilo, covarde e homossexual, é por vezes muito caricato, mas talvez, seja para amenizar o horror de sua personalidade dentro do contexto do filme. Latif, seu dublê é um homem honesto, quase um herói, está bem explícito a diferença entre os dois, mesmo sendo iguais. Ele tinha tudo, as melhores vestimentas, relógios, luxo e mulheres em demasia, mas a maior parte do tempo ele resistia a tudo isso. A situação piora quando Latif se envolve com Sarrab (Ludivine Sagnier), uma das preferidas de Uday.
"The Devil's Double" é um livro escrito pelo próprio Latif, contando o como conseguiu fugir do Iraque em 1991. Latif teria passado por várias cirurgias plásticas para ficar parecido com Uday. E nas aparições feitas para substituir o original, conta-se 11 atentados contra o filho de Saddam Hussein.
O filme seduz pela sua narrativa, e mesmo pesando na caricatura do personagem Uday, vale muito ver Dominic Cooper se desdobrando, um é completamente insano e maldoso e o outro de bom caráter. Um ponto a se destacar é o sorriso do maléfico Uday, que transpõem perfeitamente a pessoa que é.

É um ótimo entretenimento, garante boas cenas de ação ao retratar um personagem tão conhecido por suas maldades, claro, que nem tudo pode ser encarado como fato histórico, é uma obra ficcional, até porque se fosse abordar o assunto, viraria um documentário sobre torturas e barbaridades cometidas por poderosos. Ainda que contenha cenas fortes, como estupros e assassinatos, o filme apela pelo lado da ação e não do horror. O longa tem um ritmo contagiante, e sem dúvidas, um dos melhores momentos é quando Latif imita o caricato Uday, o que alivia e concede comicidade.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Sentidos do Amor (Perfect Sense)

Não se enganem pelo título, não é apenas mais uma história de amor, apesar conter o romance, o filme trata de uma questão trágica, porém poeticamente.
"Sentidos do Amor" (2011) de David Mackenzie é um drama apocalíptico triste e ao mesmo tempo de uma beleza enternecedora, que nos faz pensar na vida que levamos e o como reagiríamos se acontecesse um fato desses conosco.
Eva Green é Susan, ela sofre por um relacionamento frustrado, no trabalho acaba encontrando um paciente com um caso particular, após sofrer uma crise de choro, ele perde completamente o olfato. Susan descobre que, nas últimas 24 horas, centenas de casos idênticos apareceram. Susan conhece Michael (Ewan McGregor), chefe de um restaurante próximo a sua casa, e os dois se apaixonam.
Ela é uma jovem médica, epidemiologista que vive uma promessa de amor, enquanto o mundo a sua volta desmorona, ninguém sabe o que está atacando a humanidade, se é um vírus, um ataque terrorista, ou uma ação radical dos capitalistas, muitas interpretações se dão, mas ninguém sabe o que é realmente.
A cada crise de emoção um novo sentido é perdido, depois do olfato, uma crise de loucura é acometida a ponto das pessoas comerem qualquer coisa, desde animais a flores, um caos é gerado, até que sentem que o paladar está perdido. Logo vem a perda da audição, depois de uma crise de raiva e ódio pelos demais, percebem não ouvirem mais nada, e o silêncio predomina, tanto para eles, como para nós que assistimos, o que deixa uma atmosfera de desespero inigualável ao longa. Até que a perda da visão acontece e uma onda de perdão e amor acomete a todos. O casal que estava brigando pela raiva da última perda, a audição, agora sentem um desejo enorme de se abraçarem e se perdoarem, e no último minuto a centímetros de distância um do outro, tudo fica escuro, e é pelo tato que se encontram e se abraçam, como se isso fosse o único meio de continuarem vivos. Mas até quando?
É interessante o modo como as pessoas reagem a cada sentido perdido. Perde-se um, mas conforma-se depressa pelos que ainda restam. Acostuma-se fácil. 

"Sentidos do Amor" é um filme reflexivo e que promove sensações únicas. O amor é o sentimento que é capaz de nos fazer ter esperança, mas será que é capaz de permanecer até o fim? O filme ao invés de explorar o pior do ser humano em uma situação desesperadora, onde o final do mundo é o cenário, prefere acreditar no lado positivo do nosso ser, onde apenas o amor é que de fato perdura.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Primavera, Verão, Outono, Inverno... E Primavera (Bom Yeoreum Gaeul Gyeoul Geurigo Bom)

Este longa é uma obra-prima introspectiva, que nos faz pensar na vida e nos rumos que a natureza nos leva. Dirigido por Ki-duk Kim, é de uma beleza estonteante, uma peça rara, da qual só os orientais sabem fazer.
Toda a história se desenvolve ao longo das várias fases da vida de um velho monge, que vive isolado num remoto monastério flutuante. Consigo, vive uma jovem criança a quem este explica os ensinamentos da sua religião, treinando-o e preparando-o para, um dia, ocupar o seu lugar. Uma preparação cimentada numa amizade e compaixão comovente, que terá que sobreviver aos diversos percalços e obstáculos que aparecem durante a vida de ambos.
É um filme contemplativo que induz a pensar nos valores da vida, naqueles que somos condicionados a viver, aqueles que vão contra a natureza, esta que junto a solidão é o maior repouso para nossa alma e entendimento do próprio ser.
Cada estação que passa traz uma fase da vida do pequeno monge, mesmo estando longe de tudo, não está isento das incertezas da vida, da natureza do amor, do ciúme, e do ódio. E assim vai esquecendo dos preceitos ensinados pelo seu mestre.
Exige-se um pouco de paciência e assistido no momento certo, o longa se torna uma espécie de experiência espiritual, toda a magia que envolve o velho monge, a sua serenidade e desvinculação com o mundo é enternecedor e sublime. A natureza é a morada do nosso ser, onde nosso ciclo é o eterno recomeço junto com as estações.
Os poucos diálogos existentes são lições poderosas, mas as palavras não são suficientes para categorizar este longa, o silêncio do filme fala por si só. A fotografia é deslumbrante, o lago e seu barquinho, o tempo, tudo nos conduz a uma reflexão. Há simbologias do budismo, como a representação do desejo (Galo) e o autodomínio (Gato) e também há as portas, o caminho, o lago, que são metáforas de fácil entendimento.

 
É muito fácil reduzir este filme a uma obra fundamentalista, zen ou apenas uma lição filosófica, mas é totalmente visceral, onde a narrativa é definida sobre a evolução do homem enquanto ser moral e a procura da integração ao meio natural.
Cada um interpreta de uma maneira, as imagens, os simbolismos e todo o ambiente. A trilha sonora compõe perfeitamente, e por fim, é para interiorizar e se renovar.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Aqui é o Meu Lugar (This Must Be the Place)

Cheyenne (Sean Penn) é um astro do rock, mas está afastado dos palcos há mais de 20 anos, deprimido e refém de sua própria fama, sua vida se resume a viver de renda, o que não faz o menor sentido para ele. Quando recebe a notícia de que seu pai, que não vê há mais de 30 anos, está muito doente, decide visitá-lo, só que é tarde demais. Decidido a encontrar o algoz que torturou o seu pai durante a guerra, no campo de concentração de Auschwitz, ele saí em busca pelos EUA numa viagem que mudará sua vida para sempre.
Cheyenne é um homem de 50 anos, mas está preso ao passado e mais se parece com uma criança precisando de colo, sua expressão facial e corporal é totalmente travada e se abstém de qualquer responsabilidade. O filme é um road movie em que o protagonista sai procurando um velho nazista que humilhou seu pai na segunda guerra mundial. Ele toma as dores e continua a saga de encontrar esse homem, o que dá um tom vingativo à trama. A história nos carrega junto e percebemos que o rumo do longa não era exatamente esse, mas as circunstâncias em que o personagem passa faz com que tudo mude. 
O roteiro é dos italianos Umberto Contarello e Paolo Sorrentino (este também diretor), que faz o personagem ser maior que o filme em si, uma mistura de personalidades, inclusive remetendo muito a figura de Ozzy Osbourne, em seus trejeitos e na maneira de falar.
Sean Penn fez grandes personagens no cinema que ficaram marcados, e esse é mais um que vai ficar pra história. Um velho roqueiro que ainda passa delineador nos olhos e batom nos lábios, seu jeito de falar e sua postura revela um passado regado a drogas. Compôr um personagem assim requer sensibilidade e destreza para que não soe artificial.
Cheyenne não busca um lugar, ele busca entender o porquê de sua dor e o sentido das letras de suas músicas famosas nos anos 80 sempre serem tão dramáticas. A dor de seu pai é passada pra ele, e diante desta é que consegue encontrar o caminho.
A trilha sonora de David Byrne e Will Oldham contorna todas as cenas e seu desenvolvimento, cabendo exatamente na personalidade do personagem. Algumas questões são deixadas de lado, como a tentativa de Cheyenne juntar dois jovens solitários, pelo menos gostaria de saber o que houve, mas isso é que faz do filme um exemplar diferente e também estranho.

"Aqui é o Meu Lugar" tem um ritmo lento, mas compensa pela sua excentricidade, a elaboração do personagem foi feita com muito zelo e paciência. O título do filme é a letra de uma das músicas do "The Talking Heads", banda de David Byrne, cujo participa sendo ele mesmo.
As dores, as frustrações, temos que ir de encontro a tudo isso, senão ficamos parados continuando a viver de modo cômodo, com uma vida tediosa e sem sabor. É uma trama construída aleatoriamente e precisa ser apreciada em todos os seus detalhes.

"Tem algo errado aqui, não sei o quê, mas tem", diz Cheyenne o tempo todo.

sábado, 14 de abril de 2012

Enquanto Você Dorme (Mientras Duermes)

"Enquanto Você Dorme" é um filme espanhol dirigido por Jaume Balagueró. Uma mistura sensacional de drama e suspense. Mostra o dia a dia no condomínio sob os olhos de César (Luis Tosar), um psicótico. Ele controla tudo e todos e possui uma estranha obsessão pela moradora Clara (Marta Etura), uma moça muito feliz e que sempre está com um sorriso estampado no rosto, ele porém, nasceu sem a capacidade de sentir felicidade.
O porteiro é um personagem peculiar, no início tudo parece normal, até que aos poucos somos introduzidos ao cotidiano desse ser esquisito. Ele transpira infelicidade, não consegue se sentir feliz, ele explica que nasceu assim, como alguém que nasce cego ou surdo, ele porém, nasceu sem a capacidade de sentir felicidade.
A beira do suicídio, ele tenta buscar motivos para continuar, Clara é o motivo, e todas as noites ele invade sua casa, faz ela cheirar uma substância que causa entorpecimento, e enquanto ela dorme se deita junto.
Essa obsessão só tende a crescer, só que as circunstâncias inesperadas acontecem adiando a continuidade de sua loucura. O momento de desabafo de César é quando visita a sua mãe no hospital, ela escuta as excentricidades do filho sem poder dizer uma palavra, o que deixa a atmosfera angustiante, um desespero invade, também tristeza, não sabemos o que a mãe pensa sobre os absurdos que estão sendo contados.
Há uma menina no condomínio que sabe de tudo, ela espia todas as noites e vê ele entrando no apartamento, sob chantagens mais piradas ainda, ela mantém o segredo, até que os acontecimentos pioram de forma extrema.

Luis Tosar (Cela 211 - 2009) consegue fazer um personagem complexo, original e que nos confunde muito. 
O filme nos prende de uma maneira hipnótica e em vários momentos ficamos boquiabertos, abismados com que esse homem é capaz de fazer, além de ter cenas de puro suspense. "Enquanto Você Dorme" é um longa que prima pela tensão. 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Um Método Perigoso (A Dangerous Method)

David Cronenberg dirige um filme sobre o início da psicanálise e a relação de Sigmund Freud com Carl Jung. O filme é baseado no livro de John Kerr, "A Most Dangerous Method", mas antes de ir para a tela do cinema, passou pelos teatros com o título "The Talking Cure", ambas escritas pelo roteirista Christopher Hampton.
As vésperas da primeira guerra mundial, em Viena, o psiquiatra Jung (Michael Fassbender) trata seus pacientes baseando-se nos ensinamentos de seu mentor, Freud (Viggo Mortensen). A partir do tratamento de seus pacientes histéricos, Freud deduziu que os sintomas das doenças nervosas são formadas a partir da repressão de certas lembranças, vistas como negativas, e a eliminação destas se dava pelo método catártico, sob hipnose onde o paciente revive o momento traumático. O propósito freudiano é explicar os mecanismos do inconsciente de forma científica, acreditando que o homem pode fazer o uso da razão para alcançar o conhecimento, e se livrar da ignorância e sofrimento. Há também a questão da sexualidade, que é bem ampla em seus estudos, acredita-se que tudo que se reprime é de natureza sexual, ou se liberta ou se reprime em função da sexualidade.
Uma das pacientes de Jung é Sabina Spielrein (Keira Knightley, com uma interpretação excepcional), perturbada pelo passado, sofre de esquizofrenia e histeria, logo a relação médico/paciente vai além do aceitável pela sociedade, Jung fica seduzido pela moça e se tornam amantes. Com o escândalo, acarretou a interferência de Freud no caso, daí em diante as discordâncias entre os dois psicanalistas se tornam cada vez maiores, Jung começa a questionar os métodos de Freud, e acontece o rompimento da amizade.
Freud é sedutor com suas palavras, persuasivo e convincente, apresentando um lado cheio de crenças e preconceitos. Jung é um homem falho, que não acredita em coincidências, preso as convenções sociais.
Sabina melhorou com o tratamento e também se tornou uma brilhante médica reconhecida, uma das primeiras mulheres no ramo da psicanálise no mundo.

É um tema vasto e complexo, portanto, a trama aborda mais o relacionamento, tanto de Freud e Jung e Jung e Sabina.
Este é um filme precioso, que nem se pode piscar, são diálogos minuciosos abordando a mente humana. Retrata o quanto somos seres falhos, inconstantes, e principalmente, o como reprimimos nossos desejos. "Um Método Perigoso" é uma obra sóbria e inteligente sobre o inconsciente humano, de fato, bem reflexiva. Sente-se no divã e aproveite a terapia!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Party Monster

"Party Monster" (2003) é baseado no livro disco BloodBath: A Fabulous but True Tale of Murder in Clubland, escrito por St. James, conta a história real que viveu ao lado de Michael (Macaulay Culkin), um garoto criado no interior dos EUA, que sempre teve tino para os negócios. Quando Michael chega a NY na década de 80, entra no mundo Clubber, com a ajuda de St. James (Seth Green). O garoto inicia sua vida noturna na Big Apple e se torna o promotor de festas mais famoso da cidade.
Seus eventos são marcados pelo desenfreado uso de drogas, além das fantasias escalafobéticas dos convidados, sempre de acordo com o tema das festas. Louco para transformar qualquer um em superstar ou seu namorado ou namorada, logo se torna uma celebridade. Ele mistura traços de sua personalidade com um personagem que inventou para si.
A fama sobe à cabeça de Michael e começa a exagerar nas drogas e se afundar nas dívidas. O clube onde suas festas são organizadas é fechado, após a polícia descobrir que drogas eram distribuídas lá dentro. Assim acontece sua decadência, cada vez piorando mais a situação, acaba assassinando seu traficante, é preso e seu poder de mito cresce mais.
O filme é perturbador e é necessário que se entenda um pouco da cultura Clubber. Eles pregavam a diversão noturna, se vestiam de maneira extravagante, com muito glitter, purpurina e também ajudaram a popularizar a música eletrônica.
O filme é exagerado em todo o visual, cores e cenas viajadas. A atuação de Seth Green como St. James é incrível, apesar de não ser o protagonista rouba a cena com todos os trejeitos do personagem. Macaulay Culkin é outra história, depois de dez anos longe das telas, conseguiu se desvencilhar da imagem daquele garoto de "Esqueceram de Mim", ele protagoniza de maneira sublime, é caricato, cômico, complexo, mas sem eliminar a arrogância de seu sorriso cínico.

"Party Monster" é um retrato do nascimento da cultura Clubber nos meados dos anos 80. É um filme de excessos, seja personagens, diálogos, figurinos, trilha sonora, drogas e expressões.
Um ponto interessante do filme é ver Marilyn Manson interpretando Christina, uma drag queen que vive chapada. "Party Monster" é um filme underground, assista sem preconceitos!

terça-feira, 10 de abril de 2012

O Abrigo (Take Shelter)

Curtis (Michael Shannon) busca saber o que está realmente acontecendo com ele, estranhas atitudes fazem parte de seu ser, ele nega e esconde dos outros os acontecimentos, o que deixa o espectador totalmente em dúvida se aquilo tudo é verdade ou não.
"O Abrigo" é o segundo longa do diretor Jeff Nichols, e a história centra-se no personagem de Curtis, um homem de família que começa a ter visões apocalípticas, e seu comportamento é afetado por conta disso. Se é verdade que as imagens que ele vê nos sonhos é real, ou apenas uma doença que pode ter origem genética, não dá para saber.
Aparentemente Curtis tem uma família invejável, uma mulher dedicada, uma filha que apesar de ter deficiência auditiva, é super doce e inteligente. Ele é um trabalhador que luta para dar o melhor para sua família, e todos invejam isso. Mas a partir do momento que as coisas mudam, todos o olham de maneira diferente e se afastam da família.
As atuações são seguras, há um clima sombrio que nos passa diferentes sensações, certamente o ator soube dar o melhor de si, tanto em suas expressões ao se dar conta que talvez pudesse estar enlouquecendo, e o medo de tudo aquilo que sonha e vê ser uma espécie de premonição. Outra observação é o modo carinhoso com que trata a sua filha e a protege, e a intenção de não preocupar a sua esposa, mas cada vez mais fica difícil não compartilhar suas apreensões. E desabafando com Samantha (Jessica Chastain), a personagem ganha um outro ritmo e personalidade, chegando a mudar drasticamente suas expressões faciais. A obsessão de Curtis em arrumar o abrigo contra tempestades ganha a intolerância e o desprezo dos vizinhos, e a preocupação de sua esposa, que inicialmente se irrita, mas como o ama acaba ficando ao lado dele.
O filme prima pelo roteiro inteligente e pela ótima atuação de Michael Shannon, é um drama surpreendente que hipnotiza e nos incomoda psicologicamente. Tudo é visto sob a ótica de Curtis, tanto a chuva que cai de uma cor amarelada, como os trovões que somente ele ouve; ao final, porém, Samantha parece ouvir também, e então cabe ao espectador interpretar o que está acontecendo.

"O Abrigo" tem uma proposta interessante e consegue manter o suspense do início ao fim, além de ter uma fotografia maravilhosa e uma atuação impecável do protagonista. Um Thriller psicológico com uma pegada apocalíptica. 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Minhas Tardes com Margueritte (La Tête en Friche)

Este é daqueles filmes em que se assiste com um sorriso no rosto. Gérard Depardieu é Germain, um homem simplório, de poucos recursos intelectuais, mas de um coração imenso. Assim se dá o título original em francês, "La Tête en Friche", que significa algo como, "cabeça ainda não cultivada" ou "cabeça ociosa". O título nacional é de uma graciosidade e delicadeza que coube perfeitamente à história.
Germain mora num trailer instalado no quintal de sua mãe, uma mulher problemática, do qual ele não consegue se distanciar nem fisicamente, e nem emocionalmente. Quando questionado por ainda morar tão perto da mãe, ele diz que seu problema com ela fica dentro da cabeça. "De nada adiantaria se eu morasse no fim do mundo".
Certo dia, no banco de uma praça conhece uma velhinha nonagenária muito simpática e apaixonada por literatura, logo ela o introduz ao mundo mágico dos livros. Assim segue as tardes, ele alimentando os pombos, enquanto Margueritte lê para Germain. A solidão da velhinha é amenizada ao conversar sobre Albert Camus.
Uma história envolvente fomentada pela vontade de viver dela e a vontade de aprender dele. Um encontro inesperado, uma amizade rica, cheia de ternura e emoção. Germain vê o mundo se descortinando diante de si, enquanto Margueritte se sente útil e alegre de ver alguém interessado pelos livros.
Gérard Depardieu despido de toda a sua vaidade interpreta o grandalhão ignorante que nos cativa, e que nos tira várias gargalhadas durante a trama, e doses exatas de sensibilidade dão um tom alegre. A atriz Gisèle Casadesus nos seus impressionantes 97 anos de idade, entrega de forma fascinante uma personagem repleta de ternura e delicadeza. O que Germain procurou a vida inteira encontrou nessa doce velhinha.
Com diálogos inteligentes permeados pela literatura, ficamos encantados com a sutileza e a maneira como expõe o quanto Germain tem mais potencialidade e mais inteligência do que qualquer pessoa culta.
Germain lida com suas complexidades a seu modo, pois é assim, de forma simples que cresceu, sem a capacidade de se emocionar e sonhar. O filme não apela para o melodrama, as situações emocionam por si próprias, evolui-se naturalmente.

Singelo, nos traz sentimentos bons e como disse no início, se assiste com um sorriso no rosto. O cinema francês prova que está além dos velhos e tão batidos clichês.

"Nas histórias de amor há mais que amor. Às vezes não há nenhum 'eu te amo', mas se amam."

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Deus da Carnificina (Carnage)

"Carnage" é uma adaptação da peça teatral de Yasmina Reza - Le Dieu du Carnage (O Deus da Carnificina). A narrativa toda se passa no apartamento de Penélope (Jodie Foster) e Michael (John C. Reilly), cujo filho brigou com um colega da escola, que acabou quebrando dois dentes. Os pais do menino que cometeu a agressão, Nancy (Kate Winslet) e Alan (Christoph Waltz) vão tentar conversar civilizadamente pra encontrar um jeito de amenizar a situação, mas a conversa vai tomando um rumo diferente, entre situações inesperadas e constrangedoras, preconceitos são jogados para fora, e suas máscaras de pessoas controladas caem, e tudo se transforma num verdadeiro caos.
Os personagens passam por mudanças durante os diálogos, revelam intimidades, e suas visões de mundo cada vez mais vão ganhando intensidade, explodem ao ponto de ninguém aturar mais nada.
Roman Polanski traz uma sátira da sociedade moderna, e garante boas risadas de nós mesmos, mostra como somos hipócritas ao lidar com certos assuntos e as diferenças de ideologias. Todos já nascem com um destino traçado, e se não percorrê-lo estarão fora do padrão pré-estabelecido, conversas triviais que não levam a nada só para manter a pose, a burguesia que não é tão burguesa assim, e por aí vai. Uma infinidade de questões sociais postas à mesa em um roteiro fantástico que dura 1h e 30min. Os atores seguraram muito bem o filme todo, cenas hilárias, como Alan atendendo o celular a todo momento, é o que identifica as pessoas só ligadas ao trabalho, e que não estão afim de resolver os problemas domésticos, no caso dele, a agressão que seu filho cometeu contra o outro.
Jodie Foster foi o destaque, a mediadora da conversa e a que dá lições de moral, as suas explosões são cômicas e se modificam de repente discutindo por coisas ridículas. É incrível a forma como despejam o moralismo hipócrita e a sinceridade impiedosa que surge entre eles, é o ser humano como é, orgulhoso, mesquinho e falso. Os diálogos nos causam uma sensação de êxtase e as gargalhadas são inevitáveis.

Bem fiel a peça teatral, dá-se a impressão de estar vendo um teatro realmente. Um filme singular e admirável, consegue ser curioso, instável e inusitado.
O uso do espaço mínimo é genial, toda a exatidão e o modo minucioso de utilizá-lo dão a originalidade para esta obra fantástica. O final acontece de forma abrupta e mostra como tudo foi redundante!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Os Descendentes (The Descendants)

"Meus amigos acham que só porque vivemos no Havaí, estamos no paraíso. Que passamos o dia inteiro à beira da praia, tomando bebidas e sobre pranchas de surf. Eles são loucos? Como eles podem pensar que só porque moramos aqui nossa família é menos confusa? Que somos imunes à vida, que nossas frustrações são menos dolorosas?!".

O filme é uma adaptação do romance de Kaui Hart Hemmings, dirigido por Alexander Payne, conhecido por seus trabalhos corretos e simples.
George Clooney conseguiu fazer a sua parte demonstrando suas emoções, e em algumas cenas nos causando até pena. É um filme triste e sensível sobre os conflitos familiares.
Matt King é advogado e mora no Havaí, um lugar paradisíaco, inclusive ele e seus primos são herdeiros de terras ancestrais que interessam a vários compradores, mas Matt não tem certeza se isso é uma coisa boa. Sua esposa sofre um grave acidente de barco e fica em estado de coma, agora cabe a Matt antes um pai ausente por conta do trabalho, cuidar de suas duas filhas, Scottie (Amara Miller) e Alexandra (Shailene Woodley). Para piorar a sua situação descobre que sua mulher o estava traindo, e estava decidida a abandoná-lo.
Acompanhado de suas duas filhas, ele vai em busca do amante de sua mulher, ele quer buscar respostas simples, mas que podem mudar muito o que está sentindo. Ele quer saber se o amante amava Elisabeth, como se conheceram, e as respostas aparecem de forma muito direta. Chega a ser cômico se não fosse trágico.
É um filme de personagens verdadeiros, onde se lida com a perda de uma pessoa querida, e ao mesmo tempo lida com a frustração de descobrir um segredo da pessoa que conviveu por tanto tempo, e não saber quem ela era realmente. Tudo ao redor desmorona e o que há de se fazer nessa hora? Saber perdoar, talvez, seja o melhor caminho para Matt King.
O roteiro tem sutileza e é muito calculado, faz uma parceria muito bonita com a trilha sonora nativa, pacífica e melancólica.

Os personagens são diferentes entre si e todos mostram uma visão distinta de Elisabeth, a mulher de Matt. Inclusive o pai dela, que não sabe nada sobre a traição e culpa Matt por tudo.
George Clooney saiu de sua zona de conforto, o papel de galã, e deu vida para um personagem humano. Shailene Woodley é uma personagem que muda conforme as situações, ela cresce e evolui durante a trama. "Os Descendentes" é um filme bonito que mostra a total vulnerabilidade do ser humano.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Pina

Pina é a precursora do teatro-dança e sacudiu o mundo da dança literalmente, é conhecida por contar em suas obras as histórias baseadas nas experiências de seus bailarinos, que também contribuíam na construção de suas peças.
Conhecida por usar cenários mais urbanos, o cotidiano, os bailarinos às vezes nem dançam, simplesmente correm, saltam, riem e gritam, tudo muito natural e livre.
Suas obras utilizam elementos naturais, como água e terra, uma linguagem de teatro é atribuída e tudo ganha forma com expressões corporais extremamente detalhadas em cada parte do corpo.
De origem alemã o projeto é uma homenagem a coreógrafa e bailarina Philippine Baush, ou apenas, Pina. O filme foi um projeto desenvolvido pela homenageada e deveria abordar as suas peças em 3D, mas infelizmente ela faleceu em 2009. Então virou uma obra baseada em suas coreografias e repleta de depoimentos, servindo como uma homenagem póstuma.
Ao longo do tempo foi adquirindo simpatizantes e dançarinos de diversos países que se juntaram à companhia, que tem um grande repertório e viaja regularmente para diferentes lugares do mundo.
O documentário não explica quem foi Pina, uma coreógrafa original e surpreendente, que revolucionou a dança moderna. Não tem teor biográfico, mas contém depoimentos dos bailarinos falando das suas peças.
O início é cansativo até que se acostume com o ritmo e a proposta, entender o que cada dança quer expressar, tem que ter uma certa força de vontade para terminá-lo. O melhor são as cenas em que as danças são mostradas ao ar livre, ou quando a força corporal se mistura à música, tornando-se uma só coisa.
É uma obra de profundidade artística, as pessoas que admiram a dança moderna poderão se deslumbrar e, talvez, fique restrito a esse nicho. 

Wim Wenders com muito requinte expôs ao público com inspiração e inteligência uma mulher corajosa, pois acusaram ela de não ter técnica, falta de consistência, de fazer peças pesadas e violentas, usando temas como estupro, entre tantos outros.
De forma bem detalhada e com elegância soube captar os gestos, os movimentos e as expressões. É de uma beleza plástica exuberante.
Indico para os apaixonados pela dança e pelas suas inovações, sem rótulos, livres e naturalmente espontâneos!