terça-feira, 7 de agosto de 2012

A Bela Junie (La Belle Personne)

Junie (Léa Seydoux) se muda a Paris para viver com seus tios, após a morte de sua mãe, assim ela passa a frequentar a mesma escola que seu primo Mathias, logo sendo disputada entre os garotos, ela acaba ficando com Otto, um rapaz quieto e diferente do restante da turma, mas o relacionamento é imprevisível, assim como a sua personalidade, sempre enigmática, nos remetendo a Nouvelle Vague com sua feição tediosa e fria. Ela desperta uma paixão intensa em seu professor de italiano Nemours, vivido por Louis Garrel (sempre charmoso com seus cabelos bagunçados), ele não consegue mais parar de pensar em Junie, e termina o relacionamento com uma aluna e sua namorada também professora.
Nemours consome-se em sua paixão acreditando que a garota nunca o amará, mas esperta Junie percebe a afeição de seu professor por ela, e assim apaixona-se também por ele, mas diferentemente ela não quer se envolver, pois assim como sua personalidade instável, acredita ser aquele amor que seu professor nutre por ela. A dor do amor fere, mata por dentro, o desfecho não é suave e nem clichê, surpreende pela atitude de Junie em não vivenciar o amor de sua juventude, o tão batido romance professor/aluna. Nemours desolado simplesmente caminha, melancólico e pesaroso. Junie é uma incógnita, às vezes parece uma jovem madura, outras vezes inconsistente como a maioria dos jovens, na verdade acredito que ela não queira vivenciar o amor, mas apenas senti-lo. A paixão descrita por Nemours, em que seu estômago arde, suas pernas amolecem e suas mãos suam, aquela sensação de o coração querer sair pela boca, apenas por vislumbrar o rosto da amada, essa é a essência, depois de consumada, o que resta disso tudo? Até quando durará? Até ele encontrar uma jovem mais interessante e mais bonita? Essas questões passeiam pela mente de Junie, mas é impossível decifrá-la.
Aí fica a pergunta: Vivenciar uma paixão ou resisti-la? Acredito que por mais volúvel que seja uma paixão, ela nos dá sustentação mais tarde, serve de experiência no decorrer da vida. E se restringir a isso é permanecer com uma dúvida constante se daria certo ou não.

Louis Garrel queridinho do diretor Christophe Honoré faz de seu personagem belo e charmoso, nos trazendo um sentimento próximo daqueles romances tirados dos clássicos da literatura em que o amor é mostrado através de olhares, e esses olhares são tão significativos. Léa Seydoux interpreta de maneira melancólica e se encaixa perfeitamente ao cenário de uma Paris fria e cinzenta. 
O amor é algo constante na trama, seu primo mantém dois relacionamentos, mas a verdade é mantida em segredo, a liberdade sexual da juventude é tratada com naturalidade, porém sempre se esquivando. É uma história de amores arrebatadores, regado a dores e momentos de reflexão.
Uma perspectiva diferente sobre o amor, nada convencional e nem um pouco açucarada; um filme tipicamente francês!

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