terça-feira, 8 de maio de 2012

Edukators (Die Fetten Jahre Sind Vorbei)

Jan (Daniel Brühl) e Peter (Stipe Erceg) moram juntos e, secretamente, são os Edukators, dupla revolucionária que invade mansões vazias, mudam de lugar todos os móveis e deixam misteriosos bilhetes com mensagens, como: "Seus dias de abundância estão contados". Jule (Julia Jentsch), namorada de Peter, encara privações financeiras desde que bateu seu carro no Mercedes de um ricaço, o empresário Hardenberg (Burghart Klaußner), e foi condenada a ressarci-lo pelo caríssimo conserto, o que ela considera uma tremenda injustiça. Afinal, terá de trabalhar durante sua vida inteira para pagar o prejuízo de 100 mil, enquanto que esse carro não faz a mínima diferença para o empresário.
Quando Peter viaja para Barcelona, Jan e Jule se aproximam e o rapaz se comove com o drama dela, então resolvem invadir a mansão de Hardenberg para lhe dar uma lição. Mas os dois acabam tendo problemas e devem recorrer à ajuda de Peter para sequestrar o empresário. É quando eles começam a perceber que seus ideais, apesar de estarem corretos, não cabem mais no mundo de hoje, especialmente depois de descobrirem que o empresário fora um militante como eles na década de 70. Ainda por cima eles têm de lidar com um triângulo amoroso no grupo.
Ao mesmo tempo em que "Edukators" procura uma solução para o capitalismo e as corporações, como as que usam mão de obra infantil para fabricar tênis que custam centenas de reais, soluções pacíficas acabam não dando resultado. O filme mostra que as mudanças devem acontecer primeiro em nós mesmos para que, depois, possamos mudar algo lá fora. "Edukators" não é uma apologia à revolução, muito menos ao fato de que ela não exista mais. O filme de Hans Weingartner (A Cabana - 2011), que também foi um revolucionário em sua juventude, mostra por meio de um inteligente roteiro, que é melhor agirmos a simplesmente pensarmos na ação. Nem sempre a ação é bem-sucedida, mas pelo menos aprendemos.
O filme poderia ser manipulador e fazer do milionário um vilão detestável e dos jovens nossos heróis, mas não é o que acontece. Para quê trabalhar tanto e acumular coisas que nem se tem tempo para usufruir? O milionário diz que é da natureza humana competir e querer juntar mais e mais. Tal justificativa é das mais furadas, já que nada é natural, tudo é construído. Somos condicionados a acreditar que o que dizem é o certo. E o que é natural não pode ser combatido. O filme humaniza o ricaço a tal ponto que ficamos com pena, mas o final nos dá um tapa na cara e diz: "Há pessoas que nunca mudam".

O sistema capitalista precisa dos pobres para que hajam os ricos, se não for dessa forma, não funciona, o ritmo é quebrado. É revoltante ver pessoas morando em verdadeiros palácios, usando roupas de marca, carros luxuosos, iates, enquanto crianças passam fome e adoecem; ou mesmo a pessoa comum que trabalha 12 horas por dia para ganhar um salário miserável. As melhores ideias permanecem, por isso é importante não nos acomodarmos, mesmo que pense que não interfira na sua vida, pois de algum modo reflete, seja na TV, fazendo com que acredite que está tudo no lugar, na política e afins. É importante se mexer e buscar entender como funciona o sistema e se posicionar. A alienação da sociedade precisa terminar, por isso filmes como esse são sempre bem-vindos. Esse é o cinema alemão contemporâneo!

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