domingo, 19 de fevereiro de 2012

Elas (Elles)

"Elas" (2011) é um filme sutil que retrata a prostituição de estudantes universitárias em Paris. Anne (Juliette Binoche), jornalista de uma revista famosa, mulher de meia-idade, casada, com dois filhos, dispõe-se a entrevistar duas garotas de programa, na verdade, meninas normais que usam desse meio para viver enquanto fazem faculdade.
Dirigido pela polonesa Malgorzata Szumowska, o longa poderia ter sido muito mais envolvente e o assunto bem mais aproveitado, ele segue de maneira monótona, alternando as histórias das garotas, e como os relatos influenciam na vida da jornalista. O desfecho se desfaz no habitual clichê de tudo está onde deveria estar. Algumas coisas são deixadas no ar, o que leva o espectador a questionar o que se sucedeu com tais personagens. Se Juliette Binoche não estivesse nesse filme, seria um verdadeiro fiasco, mas sua presença se faz forte e delineia sutilmente a personagem. Casada com um homem que vive para o trabalho e a rotina de ter que controlar os filhos, faz com que se percam um do outro, mas em nenhum momento é exposto melodramas em relação a isso. É um ambiente frio. 
O artigo sobre prostituição a faz perceber certas coisas de sua vida, mas só a faz refletir mesmo, na ação tudo continua igual. Entre os relatos das garotas, ela se vê perdida diante a fantasias. E num emaranhado de imagens de cenas de sexo, ela percebe o tédio que é a sua vida. A cena do jantar em que se encontra o marido dela e o chefe dele é uma boa amostra. Mas fica por aí, o enredo se torna superficial diante um assunto tão polêmico. É limitado e não consegue passar qualquer mensagem. As garotas simplesmente escolhem a prostituição, ninguém as obriga, é um meio rápido de se conseguir dinheiro, em um dos casos, a garota recém-chegada a Paris se vê numa situação difícil, sem saber para onde ir, acaba vendo na prostituição uma saída. A outra, que mais parece uma bonequinha, tem família, namorado, mas ainda assim se submete a sair com homens mais velhos e casados. Perguntado qual a pior coisa desta profissão, uma delas diz que é mentir, ter que mentir o tempo todo. E ao final de tudo colocam-as não na posição de vítimas, mas de que estão lá somente porque querem, e elas são felizes assim, até mais do que Anne que sustenta uma falsa felicidade.

Juliette Binoche se despe de toda a sua vaidade e aparece de rosto limpo e descabelada, uma atriz da qual não tem medo de se aventurar em personagens diversos. Ela continua brilhante e uma atriz belíssima. Ponto para a trilha sonora, a música clássica permeia o filme quando Anne está em sua casa, cozinhando, arrumando a bagunça, escrevendo, etc.
Ainda que seja um filme apático ao mostrar apenas recortes sobre a vida dessas garotas que mantém vidas duplas, algo mais comum do que se imagina, também evidencia a vida de uma família de classe média alta, com toda sua ostentação a aparência, e que supõe ser superior aos outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SE FOR COMENTAR, LEIA ANTES!

NÃO ACEITO APENAS DIVULGAÇÃO.